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sábado, 9 de abril de 2011

Porque ser Ciclista !!!

Muitas pessoas questionam quando num sábado às 11 da noite tenho que voltar para casa enquanto a galera toda vai para festa:


Por quê vai embora?; e respondo:


Amanhã treino, amanhã corro, etc…


Ahhh é? Você jogador de futebol? , perguntam eles?


Eu não jogo futebol, sou ciclista.



O efeito da resposta pode ser notado claramente no olhar e no rosto daqueles que perguntam. Uns expressam seu assombro: ciclista?, outros ficam calados, outros riem.


A bicicleta é esse cacareco que o mundo todo usou alguma vez; pelo que tem predileção quando se é pequeno, porque te faz sentir livre, feliz, rápido, intrépido, porque sente que o ar esfrega cada parte de teu ser, porque te faz voar acima do chão. Esse objeto de prazer infantil hoje vira no mais fiel instrumento que te leva à gloria, mas passando pelo inferno prévio, o que te acompanha nesse esporte tão duro e extenuante que te faz perder a consciência, capaz de pôr o coração a 220 pulsações, capaz de fazer te vomitar sangue.


Um esporte tão duro, como desesperante, no qual tem de ser paciente e ter sangue frio. Além disso, tem que ter cabeça, inteligência, não só pernas; onde a cabeça faz falta não só para abrigar o capacete. Mas também pra fazer te ver uma fuga, imaginar uma louca estratégia que te leve ao sucesso. A que te faz ver as quedas e pontos fracos do oponente enquanto escala por uma subida a 200 pulsações por minuto.


Um esporte que é um estilo, uma forma de vida; acho o esporte de mais orgulho pessoal, onde só o próprio esforço de teu corpo te faz ser capaz de percorrer muitos quilômetros. Onde cada treinamento é uma superação pessoal, onde cada dia que pegas a magrela, carregas a sacola de tua vida com um episódio novo.


É um esporte que te faz brilhar, que te faz chegar ao ponto mais alto, só você, onde por muito que tenha não é ninguém se não é bom, se não tem classe, se não tem raça, se não tem coragem.


Um esporte onde tem que ser especial, onde há que ser de outra pasta, pois bom ciclista não pode ser uma pessoa qualquer.


Não é qualquer um que acorda no domingo com chuva às 5 da manhã para ir a uma corrida a mais de 100 km de casa, chega à linha de saída e se curta a corrente! Porque é um esporte tão duro, que as quedas fazem parte de nosso dia-a-dia. Onde as clavículas, pontos de sutura, aranhões e joelhos esmagados são o pão de cada dia. É o amor pelo esporte, pela bici, pelo sacrifício.


E o sofrimento, é o que faz que numa queda de um domingo corra ao seguinte dia com a boca costurada. É um sacrifício tal que te faz tocar o céu, com montanhas de mais de 2000 metros, com caminhos que só 3 mais conhecem, com subidas do 20% nas que nem um carro pode, mas um homem com seu sacrifício agüenta até beirar o infarto, quando o gosto a sangue enche a boca, quando só pensas: “sou o melhor”, “o vou vencer, vamos lá”.


É esse esporte que faz emocionar a qualquer um; quando chegar ao porto mais alto. Quando treins a 5 graus ou quando volts pra casa à noite molhado e com muito frio. Quando pedala longe de casa só pra ver uma paisagem. Quando fica esmagado. Quando corre até com uma dor no ombro. Quando sentes a emoção das pessoas que estão torcendo. Quando tem uma ilusão. Quando cada dia que esta na bici tem orgulho, quando sente que isso faz crescer como pessoa, que faz amadurecer. A bicicleta te deixa pensar nos problemas e olhar as coisas de outra maneira, porque o esporte forma o caráter. Por isso você é “de outra categoria”, você é ciclista. Sempre dá igual o reconhecimento, as medalhas e o dinheiro. Só caminhos, um par de amigos e nossas bicicletas. Há que ser muito homem, para baixar a 70 km/h, por um caminho molhado pela chuva, sabendo que do solo estamos acima de duas rodas tão finas como moedas.


Por isso pode se sentir o orgulho de representar uma região/país/a uma turma de amigos lá por onde vai. Porque todo aquele que tenha a vontade de andar de bicicleta, seja profissional, amador ou bem “domingueiro”, merece minha admiração. Porque quando vai de bici é maior. Porque quando vences a vontade de ir pra casa pensando: “isto não é para mim “, “eu para isto não sirvo”, vence à mediocridade. Mas ali vê se quem é pra valer e quem não. Quem tira a toalha e vai para casa à poltrona ou quem agüenta, sofre e segue até que o pulsómetro


diga pára…


e por quê o faz???


Porque você é ciclista. Porque o único oponente é você mesmo.


Porque assim vai ser sempre, até a morte. Porque você é um esportista dos pés à cabeça. Porque é um sofredor nato e tem valor!.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Guia Caminho da Fé Para Ciclistas e Caminhantes



Um video emocionante feito pelo cicloturista Antonio Olinto que deu a volta ao mundo em cima de uma bike.

Muito obrigado por nos proporcionar tudo isso !

sábado, 1 de janeiro de 2011

Pedalando de Itapira-SP a Bueno Brandão - MG !

Olá, depois de muito tempo de espera decidi embarcar nesta aventura. Pedalar de Itapira-SP a Bueno Brandão-MG.
Quando estava estudando esta hipótese, pensei em ir por Lindóia-SP / Socorro-SP / Bueno Brandão-MG, mas, logo vi que teria que pegar muito asfalto, que não faz muito meu gosto. Conversando com meus amigos de rádio amador (VHF) da região, me orientaram para ir por Jacutinga-MG passando por Monte Sião-MG, Mococa-MG e então Bueno Brandão-MG. Foi o que decidi então fazer.
Meu amigo Dario, gostou da idéia e quis embarcar junto, mas, de moto acompanhando o tempo todo. Ele levou as malas, ficando assim bem mas leve para mim.
Acertamos então sair no dia 29/12/2010 as 07:00 hrs da manhã de Itapira-SP com destino até Jacutinga-MG, que nos mapas e no Google informava 34 Km aproximadamente.
Os primeiros km´s de pedalada no asfalto com muitos caminhões e carros, um pouco estressante, contrariando o objetivo do passeio. Mas nada que atrapalhasse.
Estrada Itapira-SP/Jacutinga-MG 29/12/2010

Chegando na cidade de Jacutinga-MG, seguimos a procura da estrada que nos levasse a Monte Sião-MG. Adentramos na cidade para perguntarmos e logo conseguimos a informação. Aproveitamos e paramos para tomar um café em uma padaria.
29/12/2010

Já na estrada que levava a Monte Sião – MG, estrada de terra, com alguns morros e logo começaria as paisagens das montanhas do sul de minas, que dispensa comentários.
29/12/2010 - Jacutinga-MG  / Monte Sião - MG

Uma pedalada por volta de 25 Km, tendo uma vista privilegiava do pico da forquilha e das montanhas da região. O caminho é muito emocionante, vale à pena conhecer.

Atrás a vista do pico da forquilha - Jacutinga - MG / Monte Sião - MG

No caminho sempre encontrando com o pessoal que mora e trabalha na região na agricultura e na criação de gado leiteiro e de corte. Povo que com muita simplicidade e educação sempre cumprimentando, dando as boas vindas aos “forasteiros”.
Dario o companheiro de aventuras

De pedalada a pedalada, vai se avistando a cidade de Monte Sião – MG e preparamos para uma parada rápida, para nos hidratar e seguir com condições. Com dúvidas quanto ao caminho, logo fomos perguntando a um simpático motorista de caminhão com placa de Socorro, se sabia o caminho por estrada de terra para Bueno Brandão. Logo foi dizendo que não, mas, quando disse a ele que teria que passar em Mococa- MG, logo foi lembrando. Paramos também um rapaz que mora na cidade que nos confirmasse as informações.
E então para Mococa ou “mocoquinha” para a maioria, pegamos uma estrada em sentido a Ouro fino e logo depois de 14 Km, já avistamos  Mococa-MG, cidadezinha pacata e quase nem dá para se notar que há uma cidade lá.

Seguimos em frente porque pelos nossos cálculos faltavam ainda 21 Km, até Bueno de terra e muitos morros. Sabíamos da dificuldade. No início já pudemos constatar que agora seria realmente a subida, morros e mais morros. O problema maior foi que neste momento já estávamos debaixo do sol da 12:00 hrs, quente sem nenhuma nuvem no céu.
Percebemos que quanto mais chegávamos perto, mais, bonito ficava. Vista de montanhas, casas de fazenda antigas, vegetações típicas, etc...



Comecei a perceber que não seria fácil, já havia rodado 75 km e meu cantil já começava a acabar e meu suplemento tbm, foi quando comecei a me preocupar.

Um pouco mais a frente já com 86 km rodados perguntei ao Dario, que havia ido até mais a frente se faltava muito. Quando me disse que havia visto a uns 3 km a frente uma placa indicando “Bueno Brandão 6km”. Retruquei “meu Deus”, não vai dar, acabou tudo, como vou rodar mais 9 km sem nada ?
Enquanto conversávamos estava vindo um senhorzinho com um embornal nas costas, não me contive e perguntei a ele se havia uma mina ou algum lugar para pegar água. Apontou-me um casa e disse: - Óia moço, ali naquela casa é um buteco "tamém", lá tem !
Nossa a esperança voltou na hora e logo foi seguindo para lá, mas, quando chegamos nos deparamos com a porta fechada, nossa o desanimo foi voltando as pernas já quase travando. Na casa podíamos escutar algumas conversas entre mãe e filhos. Foi quando bati palmas e uma senhora atendeu. Perguntei a ela se me poderia conseguir um pouco de água, na hora de pronto foi dizendo que sim. Em seguida perguntei se ela sabia pq estava fechado o “buteco”. Descobrimos então que era dela e logo foi abrindo, compramos água e tomamos uma coca, que por sinal a sede era tanta que tomei e nem senti o gosto direito, nunca havia matado uma coca cola daquela maneira, que logo mais tarde iria me arrepender de ter feito isso.
Bom, depois de tudo isso, diminui o ritmo devido ao cansaço. O que me motivava era cumprir com o objetivo, chegar lá.

Um pouco mais a frente, me deparei com uma ponte sendo reconstruída, tendo que fazer um pequeno desvio. Foi quando devido ao cansaço e a falta de atenção fiz com que uma mulher que estava esperando tbm na ponte um caminhão passar, ganhasse o dia, quando cai de bobeira na terra fofa bem ao lado do carro, pura distração da minha parte. Ela não hesitou em esbanjar uma sonora gargalhada, mas, tbm o cansaço era tão grande da minha parte que nem fiz muita questão. Rs....
E continuava as subidas, ainda maiores por sinal, pedras soltas que dificultava e exigindo mais técnica, coisa que não tenho muito. O lado bom que quanto mais subia, mais bonita ficava a vista, cachoeiras na beira na estrada, dando um ambiente muito agradável e motivacional. 
Um pequena cachoeira na beira da estrada - Monte Sião - MG / Bueno Brandão - MG

Foi quando avistei a placa que indicava a cidade Bueno Brandão, nossa, nem acreditava, cheguei. E já pra dar as boas vindas na primeira rua pavimentada da cidade um morro de tirar o fôlego, mas, naquela hora já com a empolgação nem esquentei e subi até a igreja, aonde o Dario já me esperava há algum tempo.

29/12/2010 


Parei em um bebedor com uma água extremamente gelada e muito boa por sinal, bom sinceramente nem contei quantos cantis bebi ali. Enquanto descançava o Dario foi procurar um hotel para ficarmos. E fomos para o Hotel Central do Sr. Zé Maria, muito gente boa e um lugar muito aconchegante.
29/12/2010 - Esperando o restaurante abrir

Na conversa com ele, descobri que ali ficava muito conhecidos meus daqui de Itapira-sp, que vão de bike para lá tbm.
Depois de tomarmos banhos e trocarmos de roupa, o Zé Maria nos indicou um restaurante em frente da igreja chamado Villa Bueno. Fomos informados que ele abriria as 19:00, ainda eram 18:15 e estávamos com muita fome, decidimos caminhar pela cidade e visitar o interior da igreja. Enrolamos o tempo e deu 19:00 e nada, a fome era tanta que ficamos como se havia uma linha de largada e a qualquer momento iria disparar.
30/12/2010 - Esperando o sol nascer - Bueno Brandão-MG

Foi quando o Dario decidiu  tomar um sorvete de uma sorveteria que tem ao lado, para disfarçar um pouco a fome, alguém já ouviu falar da “lei de murphy”, não deu outra né, foi comprar o sorvete que o restaurante abriu, daí ficamos preocupados, pq já havia uma galera meio que esperando, em um banco da praça da igreja, e vimos tbm que, eles não haviam percebido que o restaurante havia sido aberto. Pensamos assim, se eles entrarem primeiro que nós, pela quantidade de pessoas, iríamos demorar para comermos pq teríamos que esperar todo mundo, foi quando em uma "ação avestruz," o Dario praticamente detonou o sorvete em segundos.
Entramos no restaurante logo pedimos, combinamos que se caso o prato não fosse o sufucinete pediríamos uma pizza também, bom também pelo preço achamos que se tratava de um prato pequeno e que não daria nem para o cheiro.
Enquanto esperávamos, começamos a reparar no ambiente agradável do restaurante, música boa, estava com o DVD do Scorpions. A garçonete bastante atenciosa, já foi nos trazendo a coca cola que pedimos, lembra daquela coca que tomei no caminho que nem senti o gosto e que me arrependeria depois, então, lembrei dela, quando fui tomar outra. O meu céu da boca estava queimando, bom dizem mesmo que a coca desentope até pia. Daí optei por tomar um chopinho, sem muito esforço.
Quando chegaram os pratos, o que era aquilo várias travessas, quatro enormes bifes empanados, uma grande porção de batatas, salada e uma travessa grande tbm de arroz com bacon. Comemos até ficarmos triste, pedimos uma Cerra Malte para fechar e fomos embora, até quadrados de tanto comermos.
Chegamos no hotel, conversamos o que faríamos no outro dia, foi quando decidi ligar para casa, falar com minha esposa Selma, para saber também como estava o estado de saúde de meu cunhado seu irmão que havia sofrido um grave acidente de moto um dia antes da minha partida. Fui então informado, que não era muito boa as notícias e que a situação precisava de minha presença. Depois da ligação, voltei pensativo ao hotel, falei com o parceiro de aventuras. Na conversa percebi também que não seria justo com ele, que me acompanhou até lá, não acompanhar ele pelo um pequeno tour nas cachoeiras famosas de Bueno. Bom como tudo na vida é equilíbrio, abri mão da pedalada de volta, assim conseguiria agradar gregos e troianos. Pensei, volto de ônibus e chego no dia seguinte, e ainda faço um tour pequeno, com o Dario. 
30/12/2010 - Nascer do sol vista da Igreja - Bueno Brandão - MG

Descobri que havia um ônibus que sairia de Bueno para Ouro fino as 13:00hrs, foi o que fiz , despedi do Dario e da bela cidade de Bueno Brandão e segui de busão para Ouro fino, uma estrada de muita decida, e muitas paradas, de 10 em 10 minutos alguém descia ou subia.
Mochila no ônibus na volta

Já na rodoviária de Ouro fino ás 13:30hrs, fui comprar a passagem para Itapira-SP. O rapaz me disse que o horário mais próximo era as 16:40hrs, isso mesmo. Nossa nem Sabia o que iria fazer todo este tem esperando, bom, aproveitei sai de bike pela cidade, e logo encontrei um restaurante, com uma comidinha mineira e com um preço muito bom, novamente assustando com o tamanho do prato servido, assustado sim, mas, muito satisfeito.
Voltando a rodoviária a hora não passava, vi tudo o que vc possa imaginar, casal discutindo, criança chorando,  etc...
Foi quando era 16:30, resolvi descer aonde o ônibus para, quando chegou e pude enfim continuar a volta. Pegamos uma chuva no caminho, mas, logo uma parada em Jacutinga- MG, e logo a tão esperada Chegada a Itapira-SP.
A vida não é uma escola e sim uma verdadeira Faculdade, apesar de aparecer, apenas um passeio com alguns contratempos, mas, posso dizer que aprendi muitas coisas. Não me arrepende de nada nesta viagem, a não ser por ter tomado aquela coca no caminho daquele jeito.
Até a próxima !!! 
Clayton Leonello
Itapira-SP